O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançou um fundo para ações de desenvolvimento sustentável na Amazônia. A iniciativa visa apoiar atividades econômicas inclusivas e sustentáveis para a região e vai incluir um fundo para o financiamento de projetos. O objetivo do fundo é promover atividades econômicas inclusivas e sustentáveis que estabelecem as bases para uma economia local baseada em ativos florestais e biodiversidade. O dinheiro também deverá ser usado para estimular a bioeconomia e promover instrumentos financeiros inovadores que atraiam investimentos de forma sustentável para a região amazônica.
O setor público é decisivo no processo de desenvolvimento sustentável da Amazônia, mas os investimentos da iniciativa privada também podem contribuir para a realização prática dos projetos na região. A afirmação é do presidente da Federação das Indústrias de Rondônia (FIERO) e coordenador do Fórum Mundial Amazônia + 21, Marcelo Thomé.
De acordo com Thomé, o Governo Federal em todas as esferas tem um papel fundamental na definição das políticas públicas e do macroplanejamento das ações para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. “A estratégia correta vai criar um ambiente de negócio favorável, tanto do ponto de vista de identificação de ações, como regulatório para que a iniciativa privada tenha segurança de fazer investimentos na Amazônia, sem correr o risco de ter seu investimento e sua marca atrelados aos ilícitos que ocorrem na região”.
Para Thomé, o importante é dissociar o mal comportamento de alguns, que ainda insistem em avançar de forma predatória sobre a floresta, do que são investimentos lícitos, planejados, organizados e estruturados, no ponto de vista do capital privado, que tem compromisso com o desenvolvimento sustentável da região.
O líder empresarial defende que a economia amazônica e o fim do desmatamento ilegal dependem do desenvolvimento sustentável da região. “Na medida em que promovermos o desenvolvimento econômico, atendimento às demandas humanas dos amazônidas, que são mais de 23 milhões de pessoas que residem na região, certamente as atividades predatórias reduzirão e quanto mais tivermos empreendimentos estruturados na Amazônia, teremos a capacidade de gerir adequadamente o território”, argumentou.
Ele explica que os ilícitos, em sua maioria, ocorrem nas áreas que são de proteção das reservas florestais, em que todo o esforço envidado pelo poder público não é suficiente para controlar e garantir que essas infrações não ocorram.
O território é gigantesco, não há capital humano, tecnologia, nem recursos suficientes para fazer essa vigilância efetiva. Na medida em que os empreendimentos avançam, e as áreas possam ter uma destinação econômica e haja transferência pela responsabilidade da salvaguarda deste território para a iniciativa privada, que ali desenvolve uma atividade econômica, haverá avanço significativo no controle do desmatamento ilegal.
Outro ponto de vista do coordenador do Amazônia+21, é que a melhoria da qualidade de vida da população local, que inclui a criação de empregos, produtos e serviços que utilizem de modo sustentável os recursos da floresta, também são fatores fundamentais para o desenvolvimento econômico da região.
Conforme Thomé, existem dois níveis de comportamento predatório. “Há aquele que faz para atender suas necessidades fundamentais para sobrevivência dele e de sua família, e existe outra escala, que são financiadas por grupos maiores. Porque numa atividade mineral que utiliza equipamentos que custam cerca de um milhão de reais, tratadores, caminhões, bombas, sistemas hidráulicos, não é o amazônida ou o ribeirinho que têm capacidade financeira de fazer. São dois níveis diferentes de ilícitos, com isso não sugiro complacência com o ribeirinho que agride a floresta, ele o faz para garantir sua subsistência, por isso deve ter um outro olhar”.
Thomé ressaltou ainda que a ampliação de oportunidades da bioeconomia e o desenvolvimento de cadeias produtivas podem ser considerados também fatores importantes. “Esta é a grande oportunidade que o bioma amazônico oferece. Isso se inicia com pesquisa, desenvolvimento e inovação. É fundamental conhecer o potencial econômico do bioma amazônico, identificar quais são os produtos que poderão ser produzidos a partir destas possibilidades e os mercados consumidores. Enfim, os desenvolvimentos destas cadeias produtivas tendo como base a bioeconomia”.
Fonte: Assessoria Fiero