O Governo de Rondônia mudou as instalações do Serviço de Atendimento Médico Domiciliar (Samd), administrado pela Secretaria Estadual de Saúde (Saúde), e o mobiliza diariamente, das 7 às 18 horas, para melhor atendimentos aos pacientes. São atualmente 210 “desospitalizados” assistidos pelo Samd.
Um desses pacientes atendidos em domicílio é José Dias, 65 anos, que mora no Bairro Cuniã, zona Leste de Porto Velho. Às 8h40 os integrantes da equipe Castanheira do Samd já estão na casa dele, num vaivém de pessoas no quarto e na sala, cuidando do emocional e da úlcera de decúbito que o inquieta há meses.
Abalado depois de mais um princípio de acidente vascular cerebral (AVC), o paciente deixou o leito hospitalar em junho deste ano, para merecer o atendimento médico, fisioterapêutico, de enfermagem e psicológico.
A família espera que ele saia da cama para andar, pelo menos dentro de casa e no quintal. Essa expectativa se justifica pelo passado dele: José Dias foi comerciante em Colorado do Oeste, onde a família foi morar depois de migrar de Santo Agostinho (ES); mais tarde moraram em Nova Mamoré e por último em Porto Velho. Na Capital, Dias trabalhou terceirizado fazendo entregas para uma grande loja de móveis e eletrodomésticos.
Erguendo-se da cama para poder conversar um pouco, ele nem aparenta a fisionomia de uma pessoa que sofrera anteriormente quatro outros princípios de AVC. Depois de relatar que “só parou com a pequena loja depois de “quebrar” em consequência do confisco da poupança (durante o governo Color de Mello), indaga: “Já posso me deitar, já posso?”. A irmã cuidadora, Jussara Dias, 56, conta que esse jeito dele se repete a cada dia: “Ele sofre com esse ferimento, mas quer se erguer o tempo todo”, ela conta.
A recomendação médica é que a cada duas horas seja mudada a posição do corpo. O clínico, Aníbal Borin e a enfermeira Maria Paula Bezerra da Costa, o assistiram uma vez mais na quinta-feira (4). Na porta de entrada da casa senta-se a mãe do paciente, Cecília Gomes Leopoldo, que observa todo o movimento.
O clínico Aníbal Borin explica: “Ele tem essa úlcera por pressão, fazemos a cultura de lesão e os curativos e mudanças de decúbito são essenciais para a recuperação”. Entre os medicamentos, a equipe lhe aplica doses do antibiótico ceftriaxoma (ou rossefim).
Antes de autorizar o início da jornada diária, o coordenador-geral do Samd, médico Célio Roberto de Goes, reunia-se com a coordenadora, fisioterapeuta Márcia Oliveira, e a enfermeira Márcia Andrade. Em seguida, a equipe Castanheira sai para as primeiras visitas do dia.
O Samd trabalha atualmente com seis equipes multiprofissionais, e no dia 1º de setembro iniciou o Samdinho, passando a cuidar de pacientes infantis do Hospital Cosme e Damião.
Cada equipe é formada por um médico, um enfermeiro, cinco técnicos em enfermagem e um fisioterapeuta e/ou assistente social. Também fazem parte: psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, agentes administrativos, motoristas, totalizando hoje 108 pessoas.
SAMDINHO
“São crianças com problemas neurológicos, cardiopatias e nefropatias”, explica o coordenador. Segundo Goes, o novo programa proporciona a esses pacientes a presença da equipe completa, conforme as situações de cada uma, e todas recebem curativos, remédios e suplementos nutricionais de grande e médio portes.
Conforme Célio de Goes, a “desospitalização” melhora diretamente o atendimento público nos hospitais João Paulo II, Centro de Medicina Tropical de Rondônia, Cosme e Damião, Santa Marcelina, Hbap Doutor Ary Pinheiro, e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
“Além deles, temos ainda as demandas espontâneas ou seja, os pacientes paliativos avaliados rapidamente pelo risco de morte, e aí a equipe sai também com psicólogo para acompanhar momentos de aflição e dor de pacientes e familiares”, explica o médico.
O protocolo ministrado pelas equipes do Samd soma a parte nutricional para não prolongar o sofrimento do paciente. Junto com os remédios normais renovados periodicamente a família do doente recebe também vitamínicos.
A direção do Samd manifesta gratidão a todos os integrantes da equipe, desde os motoristas de ambulâncias que levam pacientes para exames, ao Laboratório de Patologia e Analises Clinicas (Lepac), cuja prontidão acelera o tratamento de todos. Um técnico do Lepac acompanha as equipes, sempre que necessário.
A enfermeira Márcia Andrade compara e elogia: “Meu pai teve covid-19 e morreu em abril no Estado do Tocantins, e lá, os resultados dos exames saíam em 36 horas, quando aqui em Porto Velho o Lepac nos entrega de seis a oito horas”.
Fonte: Secom