Gastos mensais que ultrapassam R$ 50 mil, demanda diária por resgates, busca constante por novos espaços para abrigar os animais e necessidade de voluntários fazem parte da rotina de ONGs e protetores independentes de cães e gatos no Brasil.

Muitas pessoas ainda procuram estas instituições para “doar” seu animais quando encontram qualquer dificuldade para cuidar deles, como mudança de endereço, redução de renda, divórcio e qualquer outra justificativa.

“A realidade dos abrigos é a de não parar de receber cachorros. Todo dia tem pedido de resgate. É como se o cachorro não fosse um membro da família, como se ele não coubesse naquele planejamento familiar, e este princípio que está errado. Quando temos um bichinho, precisamos entender que não podemos deixá-lo para trás”, comenta Fernanda Delboni, Fernanda Delboni, sócia da plataforma PetPonto, que conecta possíveis adotantes de cães e gatos às ONGs e protetores.

“A maioria das ONGs e protetores independentes está passando por uma dificuldade de recursos financeiros e humanos muito grande, que piorou com a pandemia, com redução de voluntários e falta de eventos de adoção. As pessoas não vão estão encontrando ONGs com disponibilidade para aceitar um animal”, comenta a veterinária e gerente de projetos da AMPARA Animal, Rosangela Gebara.

“A verdade é que muitas pessoas não imaginam as dificuldades já enfrentadas pelas ONGs e acreditam que podem simplesmente entregar um animal para que elas resolvam o problema. ONG não é depósito de animal”, alerta Celso Zucatelli, embaixador da PetPonto. O jornalista explica que a plataforma produz hoje material informativo e educativo para ajudar na conscientização da população sobre a responsabilidade com os Pets e sobre o papel fundamental dos protetores. “No aplicativo e no site, reportagens mostram a realidade do universo Pet e o que podemos fazer para melhorar a situação de cães e gatos sem um lar.” A plataforma ainda envia este conteúdo por e-mail para quem assina a newsletter, tudo sem cobrar nada. “Nosso objetivo é espalhar informação e, como isso, o cuidado com os animais.”

Além de sobrecarregados, os abrigos enfrentam a dificuldade de determinados perfis de cães e gatos serem adotados. Os idosos, adultos, sem raça definida, de cor preta e grande porte são os menos escolhidos.

“Tem animais que passam a vida inteira dentro de um abrigo. As pessoas acham que abrigo é solução, que é um local que pode descartar os animais e não é assim. Para começar, eles não têm mais espaço, e os animais abandonados terão um sofrimento muito grande, porque já estão acostumados a viver em uma família, de ter carinho e cuidado individualizado. Dentro de abrigo, o animal é mais um número e, por maior que seja o esforço do protetor, é muito difícil prover todas necessidades de um alto nível de bem-estar”, afirma a gerente de projetos da AMPARA Animal, “ONG mãe” que auxilia mais de 530 ONGs e protetores em todo Brasil.

Uma ponte entre os abrigos e os interessados em adotar foi criada com a chegada do aplicativo da plataforma PetPonto, também apelidado de “Tinder dos pets e adotantes”, por facilitar o “match” entre possíveis adotantes e os animais ainda sem família. Ele já conta com mais de 500 cadastrados identificados como ONGs, protetores independentes e lares temporários, que juntos compartilham cerca de 2,5 mil perfis de cães e gatos para adoção em todo Brasil.

Além de ser uma plataforma de divulgação dos animais disponíveis, o aplicativo PetPonto propõe uma nova forma de lidar com a proteção animal e a adoção, permitindo que as ONGs se profissionalizem e tenham o aporte tecnológico para o trabalho tão importante que exercem.

“Hoje, as ONGs têm um perfil 100% assistencialista, com o foco em captar ração, veterinário, medicação e voluntários, sem conseguir dar atenção à promoção das adoções. O aplicativo surge com a ideia de ser mais do que uma tecnologia que promove a adoção. É também um apoio ao desenvolvimento da sociedade, para mudar o modo de ver tudo que envolve o trabalho de resgate e encaminhamento dos animais”, explica Fernanda.

Na plataforma, ao preencher o perfil pessoal, o interessado tem acesso à lista de cães e gatos disponíveis, com fotos e informações completas de idade, tamanho e personalidade. As perguntas no cadastro do interessado – como é a constituição do núcleo familiar, qual tempo disponível para o pet, qual a infraestrutura que a pessoa pode oferecer – ajudam as ONGs a mapearem as condições mínimas para a adoção. Na tentativa de evitar abandonos e devoluções, é comum negar a adoção a quem não cumpre requisitos do checklist feito pelos protetores.

Acredita-se que há mais de 30 milhões de cães e gatos sem uma família no Brasil.

Outra projeção é de que mais de 170 mil animais estão sob os cuidados de 370 ONGs e grupos que atuam na área de proteção animal, conforme pesquisa do Instituto Pet Brasil feita em 2020.

“Se a pessoa não puder adotar, vale apadrinhar um animal com colaboração mensal dos custos, podendo inclusive visitar ele no abrigo, passear com ele”, sugere Rosangela.

 

Fonte: Assessoria

Foto capa: Diário do Nordeste

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