As exportações da piscicultura brasileira seguem com crescimentos expressivos. No primeiro trimestre deste ano, foram 46% maiores, em toneladas, do que no mesmo período de 2021. Em valores financeiros totais, o aumento foi muito maior: 119%. Respectivamente, as exportações brasileiras de peixes somaram 2,5 mil toneladas e U$ 7 milhões entre janeiro e março deste ano. Essas e outras informações estão disponíveis em boletim (acessível neste link) sobre o comércio exterior da piscicultura nacional.

A tilápia segue como a principal espécie não apenas produzida, como exportada pelos piscicultores no país. Foram U$ 6,8 milhões de movimentação, que correspondem a 97% de toda a exportação nacional de peixes no primeiro trimestre de 2022. Comparando-se essa exportação específica da tilápia com a verificada no mesmo período do ano passado, constata-se um crescimento de 166%.

Com tamanha relevância da tilápia para a piscicultura nacional, percebe-se uma tendência de que a espécie se transforme em uma commodity no mercado internacional. “Acredito que a popularização do consumo da tilápia brasileira no mercado internacional poderá contribuir positivamente para o desenvolvimento da cadeia, pois ajudará a consolidar a posição do Brasil como player mundial”, afirma Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) na área de economia aquícola.

Mas ele faz uma alerta: “no entanto, isso exigirá preços competitivos e um elevado padrão de qualidade da tilápia brasileira, relacionado a aspectos como controle sanitário, marketing e questões ambientais”. Em outras palavras, se há um sólido crescimento na produção e na exportação da espécie, é necessário que o país esteja atento a outras questões relacionadas à tilápia para que esses bons números ocorram num ambiente de efetivo desenvolvimento da cadeia produtiva.

Valor agregado e perspectivas – O crescimento nas exportações brasileiras da piscicultura, durante o período analisado, foi muito maior em valores financeiros do que em toneladas. Manoel contextualiza a situação: “o aumento das exportações de produtos da piscicultura com maior valor agregado levou a um maior crescimento em dólar do que em toneladas. Destaca-se o aumento das vendas de filés e peixes inteiros congelados, que cresceram respectivamente 262% e 475% no primeiro trimestre de 2022. Por outro lado, produtos com menor valor agregado, como óleos e gorduras e aqueles impróprios para alimentação humana (ex: farinhas de peixe), apresentaram queda nas vendas no período”.

E, para os próximos meses, um fator importante a ser acompanhado é o desenrolar do conflito entre Rússia e Ucrânia. Num mundo extremamente globalizado, como não poderia deixar de ser também a piscicultura convive com suas consequências. Segundo Manoel, “um dos principais impactos que o conflito entre Rússia e Ucrânia tem causado à piscicultura está ligado ao aumento do preço dos combustíveis, o que levou a uma elevação nos custos dos insumos tais como ração”. Ele segue dizendo que “no que se refere às exportações brasileiras da piscicultura, percebe-se um efeito direto no aumento do preço do frete, seja aéreo ou marítimo”.

Boletim informativo – Os números fazem parte do informativo Comércio Exterior da Piscicultura e têm como fonte o Comex Stat, portal do Ministério da Economia que divulga estatísticas relacionadas a comércio exterior. Editado a cada três meses, o informativo começou no início de 2020, está em sua nona edição e é elaborado por meio de parceria entre a Embrapa Pesca e Aquicultura e a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR).

A publicação é resultado do BRS Aqua, o principal projeto da Embrapa na área de aquicultura, e compõe o Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura, o CIAqui, também resultado do mesmo projeto. O BRS Aqua envolve mais de 20 Unidades e cerca de 270 empregados da Embrapa, além de bolsistas. Destacam-se no projeto o forte caráter estruturante (por meio dele, a empresa está aumentando sua infraestrutura de pesquisa em aquicultura) e a formação de recursos humanos especializados em aquicultura, sobretudo em função das bolsas disponibilizadas.

São três as fontes de financiamento do BRS Aqua: o Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec / BNDES); a Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP / Mapa), cujo recurso está sendo operacionalizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e a própria Embrapa.

A liderança do projeto está a cargo das pesquisadoras Lícia Lundstedt, da Embrapa Pesca e Aquicultura (que também é chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento desta Unidade), e Angela Furtado, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ).

 

Fonte: Assessoria

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