Relatório aponta que o afastamento dos jovens da região ocorre devido aos formatos institucionais do debate sobre políticas públicas e ambientais
A participação política da juventude da Amazônia Legal ainda passa por entraves, mas iniciativas inovadoras trazem protagonismo jovem e reverberam a voz destes em um dos territórios-chave para as eleições de 2022. É o que aponta o relatório “Jovens transformadores pelo clima”, divulgado na última semana pela Ashoka.
Segundo o levantamento, as principais dificuldades para o engajamento da juventude nas questões ambientais da região são a falta de debate, o excessivo interesses de curto prazo, como emprego e renda, propagado pelos discursos políticos e o distanciamento em relação ao poder público institucional, que não demonstra interesse ou oferece abertura ao diálogo.
Também, segundo o estudo, embora vejam planos governamentais citando mudanças para as suas regiões, muitos dos jovens não se sentem apropriados do entendimento de temáticas como mercado de carbono, crise climática, justiça ambiental, entre outros. Para a pesquisa, foram escutados 45 jovens empreendedores sociais e líderes de organizações dos estados da Amazônia Legal em 2021.
“Muitas vezes é dito que o jovem não tem interesse por política; na verdade, ele não se interessa pela forma como os partidos políticos e outros espaços formais estão organizados. Mesmo na escola, o jovem não encontra abertura para participar das decisões e debates, que seriam oportunidades ideais para o aprendizado da política”, explica a socióloga Helena Singer, líder da Estratégia de Juventude da Ashoka.
Nas eleições deste ano, 2,1 milhões de pessoas entre 16 e 17 anos poderão votar, o maior contingente de eleitores jovens da história. Em 2018, eram 1,4 milhão. O crescimento equivale a 51,13% nessa faixa etária do eleitorado, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ainda que se sintam afastados, sobretudo da formatação política institucionalizada, as lideranças da juventude amazônica têm encontrado formas de fazer com que suas visões para o debate ambiental sejam amplificadas utilizando, sobretudo, os meios midiáticos.
Grande parte das inovações dos jovens líderes amazônicos no relatório têm relação com o uso da mídia para a promoção, por exemplo, do debate sobre o clima. São citadas iniciativas como a Rádio Mocoronga – criada pelo projeto Saúde e Alegria, o Tapajós de Fato – podcast produzido por jovens da região, e o blog Jovens Cidadãos da Amazônia – desenvolvido por jovens repórteres formados pela agência Amazônia Real.
Outras ações mapeadas abrangem matrizes como: poder público, sociedade civil organizada, educação e empresas.
O relatório cita ainda, em seu mapeamento, a Ação Popular contra a “Pedalada Climática”. Uma iniciativa na qual jovens se organizaram para exigir do governo brasileiro a redução da meta de emissão de gases poluentes na atmosfera.
O Movimento Indígena do Baixo Tapajós, projeto que luta pelo reconhecimento dos saberes dos povos tradicionais, também consta no documento.
((o))eco lança curso para jovens da Amazônia
Com a intenção de promover a formação midiática da juventude da Amazônia Legal e contribuir com o protagonismo dos jovens comunicadores da região, ((o))eco irá promover entre os dias 19 e 22 de setembro o III Minicurso de Jornalismo Ambiental.
Totalmente online e focado nos principais temas ambientais da Amazônia, o minicurso oferecerá palestras sobre a prática do jornalismo ambiental, ministradas por especialistas renomados em diferentes áreas. Ao final do curso, serão oferecidas quatro bolsas-reportagens para os participantes, que passarão por um processo de mentoria e serão publicadas no site ((o))eco.
Podem participar apenas habitantes dos nove estados da Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso) que estejam em qualquer período do curso superior. São 100 vagas preenchidas por data de inscrição.
Após o preenchimento do número total de vagas será aberta uma lista de espera. Os jovens interessados podem se inscrever através deste link.
Fonte: O Eco