Muitos trabalhadores já estão passando necessidade e igrejas organizam campanhas solidárias
DA REDAÇÃO – Além do terror que toma conta das comunidades ribeirinhas onde aconteceram explosões de mais de 100 balsas e dragas no rio Madeira, durante operação realizada pela Polícia Federal, IBAMA e ICMBio, a fome já começa a bater na porta de muitas famílias de trabalhadores que tinham no garimpo o seu único meio de sobrevivência ou complemento de renda.
“No momento só pranto e tristeza. Estamos visitando algumas famílias, cujo único meio de sustento eram as balsas. O que nós presenciamos no momento é uma grande incerteza, como vão sobreviver daqui pra frente? Mas o nosso Deus é maior, disse uma liderança religiosa da comunidade de Aliança, que prefere não se identificar, mas que está organizando uma campanha solidária na tentativa de conseguir ao menos cestas básicas para ajudar as famílias necessitadas.
Ele conta que mesmo os proprietários de pequenos comércios ou pequenas plantações de mandioca estão sofrendo o impacto da destruição das balsas, pois o meio de ter uma renda extra era o garimpo. Além disso, cozinheiras e outras pessoas que trabalhavam nas embarcações incendiadas pela Polícia Federal estão numa situação ainda pior, precisando do básico para se alimentar. “Era de lá que eles tiravam o sustento de suas famílias”, completou.
“Eu tenho um pequeno comércio e já estou sentindo o impacto. Compromissos estão vencendo e estou preocupado como vou sanar?”, lamenta. Mesmo assim, conta que está liderando uma ação solidária “para amenizar o sofrimento desse povo”.
DENÚNCIA
Por conta das explosões das balsas, muitas delas ancoradas nas margens do rio, famílias ribeirinhas correram o risco de serem atingidas por peças metálicas que foram lançadas há vários metros de distância. Uma dessas peças danificou o telhado e o piso de uma igreja evangélica. Por sorte ninguém foi atingido.

Não bastasse tudo isso, os moradores sentem-se abandonados pelas autoridades municipais, estaduais e federais, sendo que muitos há poucos dias foram até a casa deles pedir votos e fazer promessas, mas agora, quando mais precisam de ajuda, permanecem no silêncio, sem demonstrar nenhuma compaixão ou apoio às famílias afetadas e necessitadas.

