Porto Velho, da redação – Famílias ribeirinhas temem que  seus filhos fiquem mais um ano sem o transporte escolar fluvial e tenham seus estudos prejudicados novamente, como vem acontecendo desde antes da pandemia da Covid-19. Elas pedem a intervenção do Ministério Público estadual (MP-RO) para garantir o direito dos alunos de terem acesso ao ensino com dignidade.

Na comunidade de Nova Esperança (Terra Firme), por exemplo, as matrículas foram realizadas na terça-feira (17), por integrantes da diretoria dos colégios General Osório e Ana Adelaide, que ficam na área urbana do distrito de Calama, mas, de acordo com a presidente da associação de Terra Firme, Maria de Fátima Batista, os educadores nada informaram sobre o transporte escolar.

Diretores de escolas de Calama matriculando alunos na comunidade de Terra Firme

Essa mesma incerteza quanto ao transporte escolar fluvial com segurança para as crianças é compartilhada pelas famílias que moram em outras comunidades próximas, como é o caso de Ressaca, Ilha Nova e Firmeza, entre outras. “Não sabemos ainda como vai ser. Eles fizeram as matrículas, mas a questão do transporte ainda não foi resolvida”, lamenta Maria de Fátima.

Ela conta que viu uma matéria em um canal de tv mencionando uma reunião com o Ministério Público para tratar do assunto. “Pelo o que eu entendi, vão iniciar as aulas, mas sem o transporte escolar. Parece que tem um prazo de 60 dias para definir essa questão do transporte”, comentou.

Maria de Fátima, presidente da associação de Terra Firme

Para Fátima, toda essa incerteza não faz sentido e chega a ser um absurdo, já que depois de tanto tempo, ainda não resolveram algo tão importante e fundamental para o acesso ao ensino das crianças ribeirinhas.

“REVOLTANTE”

De acordo com a presidente da associação, faz mais de três anos que as crianças estão sem saber o que é entrar em uma sala de aula. “Isso é revoltante porque as nossas crianças e adolescentes já estão perdendo o gosto pelo que é estudar. Muitos já desistiram, outros casaram, então isso é revoltante para os pais, porque a gente não consegue ter um controle sobre essa situação”, desabafou.

Fátima acrescentou que em Terra Firme tem escola, mas não funciona por falta de professores. Em Ressaca e Ilha Nova não tem escola e por isso as crianças precisam do transporte para esdudar em Calama.

Foto: Arquivo Maria de Fátima Batista

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