Por Sérgio Pires, coluna Opinião de Primeira
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A gravação em vídeo está nas redes sociais. Um jornalista pergunta a outro: “você sabe por que não há registros oficiais de mortes de crianças por fome, na Venezuela?” O outro afirma: “não sei!”. O primeiro explica: “porque lá o governo proibiu os médicos informarem a fome como motivo da morte, nos atestados de óbitos!”. O poderoso New York Times confirma: “o presidente Nicolás Maduro, tenta esconder as estatísticas negativas no setor da saúde, impondo medo aos profissionais que relatarem as mortes por desnutrição”. O controle de tudo começou com um projeto aparentemente simplório, entre 2006 e 2007, quando o então presidente Hugo Chávez decidiu jogar seu país na aventura do socialismo e do comunismo. Chávez reuniu em torno de si todos os partidos políticos que apoiavam a chamada Revolução Bolivariana e um dos seus primeiros atos foi controlar a mídia e as então incipientes redes sociais. Todo o poder ao governo, que passava a dizer o que os venezuelanos podiam ou não podiam saber; podiam ou não podiam dizer; podiam ou não podiam pensar. Um governo totalitário sempre começa por aí.
Em menos de duas décadas, a Venezuela está destruída. Boa parte do seu povo come até os animais de estimação e o que encontra nas lixeiras. Suas crianças morrem de fome, embora isso não possa constar nos atestados de óbitos. Mas, o que nós, brasileiros, temos a ver com toda essa desgraça que se abateu sobre um povo que já teve a melhor economia da América Latina, por causa do seu petróleo abundante? A resposta está na nova lei, sob o disfarce de acabar com as Fake News, que dará ao governo brasileiro e seus aliados (e apenas a seus aliados), o direito de decidir o que poderemos falar, escrever, opinar e criticar. Nossa situação se ensaia ainda um pouco pior, porque a lei da Censura está sendo apoiada pela maioria dos nossos parlamentares. E tende a se tornar realidade pela omissão criminosa de outros tantos, que ao invés de fazerem seu papel de legislador e participarem da votações, lavam suas mãos, não participam dos debates, se abstém e tratam apenas dos assuntos que lhe trazem alguma grana.
Quando estes beócios, focados só nos seus interesses pessoais, ignorando seu país e seu povo acordarem, pode ser tarde demais. A nova lei da censura vai atingir em cheio o livre direito de religião, de opinião, de usar a internet para criticar e até xingar políticos incapazes e corruptos, além de governantes que não saem às ruas, com medo do que lhes acontecerá. Ninguém mais poderá chamar deputado de vagabundo ou alguém do alto escalão de ladrão, corrupto ou descondenado. Ainda há tempo de salvar nosso país do caminho sem volta da Venezuela. Depende do Congresso. Depende dos deputados. Por questão de justiça, se diga que sete dos oito rondonienses votaram contra essa tenebrosa excrescência, embora sejam, no total dos 513 parlamentares, apenas uma gota d´água da resistência. Estamos venezuelando, infelizmente. E quando chegarmos a ela, não haverá mais volta!
Fonte: Coluna Opinião de Primeira
Autor: Sérgio Pires