“Ainda falta a caixa d’água, a energia e a rede de distribuição para as casas'”

VÍDEO – Depois de muitas décadas consumindo água barrenta e imprópria retirada diretamente do rio Madeira, sem qualquer tratamento, moradores da comunidade ribeirinha Terra Firme, no distrito de Calama, finalmente vêm o sonho se tornar realidade, com água pura brotando do chão, através de um poço artesiano, um sonho que os pioneiros nunca alcançaram.

Vista parcial da comunidade Terra Firme

“Fácil não foi. Somente a nossa luta foram 16 anos anos de busca por essa água, enviando documentos e cobrando providências do poder público. Agora com essa crise hídrica aqui do rio Madeira, a coisa piorou muito mesmo. Com a seca avassaladora, mais do que nunca esse poço se torna importante para a comunidade”, disse Maria de Fátima Batista, presidente da associação de moradores da localidade.

Ela conta que a comunidade se reuniu para ajudar a equipe responsável e formou um mutirão para subir todo material e equipamentos que foram utilizados na perfuração do poço, tendo em vista que o barranco é muito alto. Todo esforço valeu à pena quando viram a água jorrar.

“Já limparam o poço, a água é boa, limpa, não deu ferrugem, só agua pura, cristalina. Após a análise é que a população vai poder utilizar a água”, comentou Maria de Fátima.

COM ÁGUA, MAS SEM ÁGUA

Nesta segunda-feira (22), a empresa responsável pela escavação vai entregar oficialmente o poço para a Prefeitura de Porto Velho, mas ainda vai demorar alguns dias para que os moradores possam, de fato, usufruir do líquido tão precioso e essencial para a sobrevivência.

“Ainda falta a caixa d’água, a energia e a rede de distribuição para as casas. Poderíamos consumir a água de imediato, mas não tem energia própria para fazer funcionar a bomba e puxar a água”, acrescentou a líder da comunidade.

Atualmente, cerca de 30 famílias moram em Terra Firme. Muitas não suportaram as adversidade, especialmente a escassez de água e se mudaram para outras localidades, para o núcleo urbano de Calama ou até mesmo para a capital Porto Velho.

De tão crítica que está a situação, segundo Fátima, até os peixes, principal fonte de alimento na região, desapareceram do rio.

“Tá difícil a situação do ribeirinho, de todos que moram nas margens do rio Madeira, principalmente  para aqueles que sustentavam suas famílias através da pesca. Agora não podem mais pescar porque não tem peixe. É difícil encontrar um peixe nesse rio com essa seca”, lamentou.

MAIS FAMÍLIAS 

O poço artesiano de Terra Firme deverá atender cerca de 250 famílias de comunidades vizinhas, que sofrem com o mesmo problema da falta d’água e não foram contempladas com o projeto da prefeitura nesta fase de escavação.

“Esse é o nosso objetivo: atender quem precisa, assim como nós”, destacou a presidente da associação de Terra Firma, que fica a quase 200 km da capital de Rondônia, próximo da fronteira com o Amazonas.

O único meio de transporte de uma comunidade para outra são pequeninas embarcações, como canoas (movidas a remo) e rabetas, que são canoas (em sua maioria) impulsionadas por um pequeno motor de popa.

Para chegar até a cidade de Porto Velho, dependendo da embarcação, a viagem pode durar de 6 a 12 horas.

OUTROS POÇOS

Nesta fase, de acordo com a Prefeitura de Porto Velho, além de Terra Firme, também serão atendidas com escavação de poços artesianos, os distritos de Calama e Demarcação, este último no rio Machado, além das localidades de Papagaios e Santa Catarina. Em outra etapa dos trabalhos, mais comunidades deverão ser contempladas.

VEJA O VÍDEO

OUTRAS IMAGENS DO ESFORÇO DA COMUNIDADE

Fotos e vídeo: Maria de Fátima

 

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