Moradores do baixo Madeira relatam várias situações de perigos para a navegação, por conta da seca história do rio Madeira, a mais severa dos últimos 60 anos. Eles temem que tragédias aconteçam, principalmente com o transporte escolar e pedem urgentemente que as aulas sejam suspensas.
“Aconteceu um acidente com as crianças dentro da voadeira. O piloto não viu a praia submersa por uma fina lâmina de água. Foi um terror para as crianças. Isso porque não estão enxergando os bancos de areia por causa da fumaça. Os pais estão revoltados, por conta da gravidade e do perigo que as crianças passam no trajeto para estudar”, relatou uma moradora.
Alunos também relatam que quase sofreram acidente com outros barcos, por causa da fumaça que tira a visibilidade dos condutores. “A minha neta estava na voadeira que quase sofreu esse acidente. Além disso, a voadeira já encalhou várias vezes em bancos de areia. As crianças e os moradores do rio Machado também estão passando por essa situação. Ali, o perigo maior está na ‘boca do rio Machado’, porque a correnteza é muito forte e o nível do rio está muito baixo”, desabafou a avó.
Ela também contou que ao socorrer uma neta que cortou o pé, quase presenciou um acidente. “Quando estávamos socorrendo ela para atendimento em Calama, lá na ‘boca do Machado’ vimos uma voadeira que quase bateu em outro barco. Nós ficamos apavorados e fechamos os olhos para não ver o acidente. Isso porque quando eles enxergam já está muito próximo, quase não dá tempo para desviar. Ainda bem que os pilotos são muito bons, se não já tinha acontecido acidente entre as embarcações”, afirmou.
Outra moradora conta que uma voadeira que pegou materiais de construção em um barco grande que saiu de Porto Velho, bateu em um banco de areia também nas imediações do encontro do rio Madeira com o rio Machado (boca do Machado). “Eles se alagaram (naufragaram) e o dono dos materiais perdeu todas as sacas de cimento. Além disso, tem criança chegando em casa quase 7 horas da noite, porque a voadeira anda devagar, devido o rio está muito baixo”, contou.
“Nós estamos em uma situação muito vulnerável. Nossas crianças estão se arriscando, indo para a escola todos os dias, por causa dessa fumaça e da seca do rio. Além do perigo de acidentes, arriscando as suas vidas, estão inalando muita fumaça. Acreditamos que junto com os órgãos públicos podemos minimizar essa situação, antes que aconteçam coisas piores. Tem aluno que já passou mal e isso não está certo. Pedimos desesperadamente a suspensão das aulas pelo bem da vida dos nossos filhos”, disse outra mãe que também não prefere não ter o nome divulgado.