Por Felipe Corona (Voz da Terra)
Indígenas são contra exploração de petróleo na foz do Amazonas; governador da Califórnia e crítico de Donald Trump, Gavin Newson, foi até a Zona Azul nesta terça (11)
Belém (PA) – Enquanto a abertura na segunda-feira (10), foi dedicada aos políticos e seus discursos, nesta terça-feira (11), o eco dos protestos veio de outro setor dentro do Parque da Cidade, zona Norte de Belém, a chamada Zona Verde (Green Zone).
Pela manhã, durante um painel realizado pelos Ministérios Públicos Federal e do Trabalho (MPF e MPT), o cacique Raoni Metuktire, líder Kaiapó, e outras lideranças indígenas participaram de um painel sobre a exploração de petróleo e gás na Foz do Amazonas. “Lutamos contra essa exploração de petróleo”, afirmou Raoni.
A cacica Janina Karipuna, de Rondônia, reforçou que os indígenas precisam ser ouvidos e os protocolos de consulta livre e esclarecida devem ser respeitados em qualquer projeto de exploração de petróleo e gás na região. Ainda segundo ela, as “mulheres indígenas não vão arredar o pé” dos territórios.
Emocionada, Janina disse que as comunidades da região “sempre vão dizer não à exploração de petróleo”, destacando que a luta é pela preservação dos rios, florestas e territórios de onde os povos indígenas tiram sustento há milhares de anos.
Mercado de carbono
Do lado de fora, manifestantes fizeram um protesto contra o mercado de carbono e denunciam a financeirização da natureza. Eles usaram cartazes e ícones que remetem a cassinos. As palavras de ordem eram contra a postura de países do Norte Global que “jogam” com terras, oceanos, florestas, rios e pessoas.
A manifestação ainda expôs as contradições da compra de créditos de carbono, usada muitas vezes para empresas passarem por sustentáveis, enquanto continuam a explorar a natureza e a lucrar com isso.
Mulheres na COP
Em ato na Zona Azul, mulheres de diversos países exigiram protagonismo e justiça climática. As ativistas sublinharam que as mulheres são as mais afetadas pelas mudanças climáticas e devem liderar as soluções.
Para a francesa Helene de Saint, que participou do ato, “não haverá solução climática justa sem as mulheres. A crise climática é, inegavelmente, uma crise de gênero”. As ativistas também clamaram por governança inclusiva e uma “Constituição Global das Mulheres”.
Visita norte-americana
O governador da Califórnia, Gavin Newsom (Partido Democrata), visitou nesta terça (11) o Parque de Inovação e Bioeconomia, em Belém. O norte-americano está na capital paraense para participar da COP30.
Acompanhado do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), Newsom, que é desafeto do presidente Donald Trump (Partido Republicano), tomou kombucha de açaí e provou cupuaçu iliofilizado, que é o processo de secagem a frio que tira a polpa da fruta sem perder os aromas naturais do fruto. Eles ainda assinaram uma série de documentos e intenções envolvendo a capital do Pará.
Já na COP30, Gavin Newsom garantiu a uma plateia que seu estado continuará a priorizar a tecnologia verde, ao mesmo tempo em que criticou a decisão “estúpida” do presidente dos EUA, Donald Trump, de reverter o curso do governo federal em relação à ação climática.
Falando em um evento com o vice-ministro do Clima da Alemanha e autoridades estaduais, ele lamentou os ataques do governo Trump à economia de energia limpa, que cresce rapidamente, como se estivesse cedendo o mercado para a China.
“A China está inundando a zona e dominará a próxima grande indústria global”, disse Newsom na primeira de várias aparições programadas na cúpula climática da ONU.
“Os Estados Unidos da América são tão burros quanto desejamos ser com relação a esse assunto, mas o estado da Califórnia não é. Portanto, vamos nos impor, vamos nos empenhar e vamos competir nessa área”, disse ele.
Cerca de uma hora e meia depois da tentativa de invasão da Zona Azul da COP30, o clima seguia tenso em frente à entrada do pavilhão principal.
Policiais federais, militares, seguranças da ONU e até bombeiros fizeram um cordão de segurança em frente ao prédio.
Fonte: Voz da Terra
Autor: Felipe Corona